domingo, 9 de março de 2008

EEEEEITA PÁTRIA AMADA...

E eu achava que não ia ter mais o que escrever! Madri pra São Paulo e São Paulo pra Brasília eram viagens simples, se comparadas a tudo o que já tinha passado, mas acabei me enganado.

Primeiro preciso dizer o tamanho da minha felicidade quando me sentei na poltrona 39J. Uma parte porque estava voltando ao Brasil, claro, tinha dado tudo certo, graças a Deus. Mas a maior parte vinha de eu estar cercado por nós, brasileiros! Todos os aviões que peguei, inclusive os trens, eram completamente silenciosos, com algumas conversas sempre em baixo volume. Mesmo os espanhóis não conseguiram alcançar o que acontecia ali naquele vôo pra São Paulo: todo mundo conversava com todo mundo, todos em voz alta, rindo a vontade! Era o patriotismo inconsciente do brasileiro, que sentia no fundo a felicidade de voltar pra casa, e expressava isso ali, nas conversas e risadas que cobriam completamente a voz do piloto dando as boas vindas e da aeromoça que tentava sentar os passageiros pro avião sair. Em cada canto tinha um grupo de pessoas, alguns em pé, outros meios sentados, mas todos descontraídos como só os brasileiros conseguem ser, e que se via facilmente que tinham acabado de se conhecer. O Brasil pode estar lá atrás em milhões de comparações com os outros países, mas em descontração e alegria, é com certeza o primeiro isolado!

Bom, mas por causa de toda essa “emoção brasileira” fluindo de cada passageiro ao mesmo tempo, levaram pelo menos 10 minutos pra fazer com que todos se sentassem, o que fez com que o avião saísse atrasado em torno de 15 minutos.

Quando estávamos chegando em São Paulo vi que a hora de chegada tinha passado de 6:15, horário normal, para 6:40! Comecei a ficar preocupado, porque o vôo pra Brasília saía as 8:05, e ainda tinha que pegar bagagem, passar pela alfândega e fazer o check in antes de entrar no avião. Já pedi pra trocar de lugar com um amigo meu que estava sentado mais na frente (inclusive esse amigo foi um cara que eu conheci em um dia em NY e acabou que coincidentemente estávamos voltando juntos no mesmo vôo pro Brasil).

Quando o avião pousou, esperei a primeira pessoa se levantar e já pulei do meu assento, atravessando em 30 segundos a cozinha do povão, toda a business class e a primeira classe. Pela primeira vez na vida eu ia ser o primeiro a sair do avião, e sair correndo pra pegar a bagagem. E foi aí que ouvimos a voz do capitão falando que eles tinham estacionado no lugar errado! Haha! Que levante a mão quem já viu um avião estacionando no lugar errado!? Eu já! E justamente quando estou completamente atrasado pra um vôo. Valeu Murphy! Todos tivemos que voltar para nossos assentos, para o avião se mexer novamente e então podermos nos levantar novamente.

Da segunda vez não consegui chegar nem na business class pra tentar avançar a saída. Assim que consegui sair do avião comecei a correr. Cheguei na esteira de bagagens e fui pro iniciozinho dela. A esteira começou a encher de malas com o tempo, até que não tinha quase espaço para se colocarem mais as malas que estavam vindo do avião. Através do vidro eu via os trabalhadores com malas na mão sem colocar elas na esteira por falta de espaço. E quando colocavam malas em cima de malas, a esteira travava e eles tinham que ir lá arrumar.

Comecei a conversar com todas as pessoas que via que trabalhavam no aeroporto, pedindo pra elas arranjarem alguém pra ir tirando as malas que já estavam rodando na esteira pra abrir espaço para malas novas e aumentar o fluxo. Mas tudo que eles diziam era que não se podia fazer isso e que eu tinha que esperar.

Depois de muito tempo vi meu mochilão! Abracei ele e comecei a correr de novo. Perguntava a direção pra cada pessoa que trabalhasse no aeroporto, quase sem parar de correr.

Furei descaradamente a fila na alfândega e entreguei meu papel pro oficial falando que tinha um vôo e estava completamente atrasado. Foi a alfândega mais rápida da minha vida: nem 3 segundos.

Finalmente cheguei no chek in da TAM e já pulei na frente da primeira atendente que vi, falando que estava ali pro vôo pra Brasília. Ela me responde então que já estava fechado e que eu ia ter que comprar outra passagem. Ignorei a resposta e me meti na frente do balcão deles, pedindo pra fazer o check in pra várias atendentes ao mesmo tempo. Acho que elas devem ter ficado com pena de me ver suando e com a respiração falha, porque umas três se juntaram e foram atrás de informação. Voltaram em seguida explicando que realmente não tinha mais jeito, o chek in já estava encerrado.

Respirei fundo e aceitei. Perguntei então o que tinha que fazer e me direcionaram para loja da TAM, onde falei com a Corina. Ela disse que podia me colocar no vôo das 10hs, só que eu ia ter que pedir pro check in alterar meu status, porque estava como se eu tivesse conseguido fazer o check in.

Voltei no balcão (filas já não significavam muito pra mim ali, eu estava rindo da situação, mas pronto pra enfrentar e soltar tudo na cara do primeiro que viesse tentar piorar a situação) e lá falei com a Beth, que me informou que eu precisava ir até a loja da American Airlines pra pedir meu bilhete eletrônico físico com eles, porque o e-ticket que eu tinha não adiantava. Aonde é o balcão da AA? No extremo oposto do aeroporto, área D.

Chegando lá fiquei conhecendo a Adriana, pra quem contei toda a história. Ela me disse então que era só a TAM cancelar meu check in que ela fazia a reserva do novo avião pra mim. Falei que não queria atravessar o aeroporto de novo e ela pegou o Nextel e ligou pra TAM. Falou com a Kely, supervisora, que disse que eu tinha que ir até lá para eles fazerem meu ticket por lá. A Adriana insistiu e elas passaram um tempo no celular discutindo até a Adriana desistir. Entendi que ela tinha tentado e atravessei o aeroporto todo de novo, agora atrás da tal Kely.

Deixei as filas kilométricas pra trás e me meti na frente do balcão chamando pela tal Kely. Uma atendente chamada Milena (que tinha Joely como nome de guerra) insistiu que poderia resolver meu problema e, quando expliquei então o problema pra ela, ela se virou e foi falar com a tal de Kely, que no fim das contas nem se mexeu direito, deu umas instruções e deixou a garota resolver sozinha. A Milena passou um tempo ali tentando e não conseguia avançar e foi aí que reparei no cara que tava passando informações pra milhões de atendentes e pra quem todos vinham fazer perguntas. Quando ele passou por perto gritei o nome dele (Souza), e ele se virou pra mim. Aproveitei o mínimo momento de atenção e contei em 30 segundos um resumo da história. No final adicionei o fato que já estava, somando trem e avião, 58 horas viajando quase sem parar.

O cara me levou a sério, deixou o que tinha pra fazer pra depois, veio e se sentou no computador da minha frente. Passei o nome da Adriana e eles passaram 10 minutos no telefone tentando resolver a situação. Ali, ouvindo os dois e prestando atenção no computador, entendi o problema: por ser uma conexão, eu já tinha o check in garantido mesmo sem fazê-lo, e o computador achava que eu estava no momento dentro do avião. Enquanto isso, por eu não ter feito o check in, eu não tinha passado pelo controle de passageiros, então o computador também dizia que eu no momento não estava no avião.

Mais 20 minutos de espera e finalmente o Souza reapareceu com meu bilhete de embarque na mão. O vôo das 10hs era em congonhas e o ônibus não ia mais conseguir me deixar lá a tempo. O vôo das 12hs, também em congonhas, ia receber todos os passageiros do vôo das 10hs, que estava sendo cancelado, então ia estar lotado. Sobrei com um que saía às 14:55, chegando em Brasília por volta das 16hs.

Eeeeeita Pátria Amada, faz isso comigo não! Pelo menos ganhei um voucher pra comer a vontade em um restaurante à quilo do aeroporto, com refri e sobremesa. Me esbaldei ali, com arroz, feijão, cenoura, alface e fraldinha, acompanhado por Guaraná Antártica original do Brasil e um suco de mamão com laranja delicioso!

sexta-feira, 7 de março de 2008

VOLTANDO A PÁTRIA AMADA – Parte 2

Itinerário Stuttgart (ALE) – Brasília (BRA):

Stuttgart (ALE) 03:05 (07/03)
Frankfurt (ALE) 05:10

Frankfurt (ALE) 08:54
Mannheim (ALE) 09:24

Mannheim (ALE) 09:41
Paris Est (FRA) 12:49

Paris Est (FRA) 12:49
Paris Montparnasse (FRA) 13:39

Paris Montparnasse (FRA) 15:50
Irun (ESP) 21:25

Irun (ESP) 22:00
Medina Del Campo (ESP) 03:52 (08/03)

Medina Del Campo (ESP) 05:10
Madrid-Chamartin (ESP) 07:45

Madrid-Chamartin (ESP) 07:45
Madrid-Aeroporto (ESP) 08:20

Madrid (ESP) 12:05
Miami (USA) 16:00

Miami (USA) 20:15
São Paulo (BRA) 06:15 (09/03)

São Paulo (BRA) 08:05
Brasília (BRA) 09:45 (!!!!!!!!!!!!)

Então eram 8:20 quando deixei a Carol e segui meu caminho de volta. Meu trem saía às 8:54 e eu ainda tinha que fazer as reservas do caminho. Encontrei uma fila gigantesca e vi que não ia dar tempo. Deixei ela e corri pra plataforma do trem, pensando em tentar comprar só dentro do trem. No caminho vi outra estação de compra, quase sem fila! Reservei então (com um velhinho que parecia estar dormindo no teclado de tão devagar que ia) todos os trens até Paris, aonde tive problemas porque o trem estava cheio. “Beleza – pensei – resolvo esse problema quando chegar nele”. Quase roubei os tickets da mão do velho e corri pra conseguir pegar meu trem. Ufa!

De Paris Est a Montparnasse fui de metrô, e fiquei conhecendo um francês gente fina que era policial ao mesmo tempo que filmava filmes de sinuca (disse já ter feito 3000 filmes!). Em Montparnasse fui, agora com mais calma, reservar os outros trens, e ver o que ia fazer com o que ia de Paris pra Irun. Perguntei novamente se estava cheio e o cara disse que sim. Perguntei então se tinha outra rota, no que ele respondeu que todos os trens pra Espanha passavam por Irun, e por isso lotava rápido.

Passe então uma hora andando com o francês, conversando, e aproveitamos pra almoçar. Assim que deixei ele no trem (que saía uma hora mais cedo que o meu) voltei pro guichê pra perguntar se eles aceitavam cartão, porque se não conseguisse entrar no trem com o OK do maquinista (15 euros), o que eu só descobriria na hora, ia ter que voltar ali e pagar 91 euros na passagem de 1ª classe que não estava lotada, e não tinha essa grana na carteira.

Cheguei no caixa então e mostrei as reservas que eu tinha que fazer, e perguntei sobre o cartão. Ela falou que sim, que o de Paris para Irun era 3 euros pro meu caso, enquanto o de Irun pra Medina Del Campo era 7 euros (27 se eu quisesse cama). Então eu falei: (EU): “É, mas seu amigo já checou pra mim e esse de 3 euros ta lotado, eu queria saber o de 91 euros.” (ELA): “Não, ta lotado não, acabou de abrir 1 vaga.”
!!!!!!!!!!!!!!!
!!!!!!!!!!!!!!!
!!!!!!!!!!!!!!!
!!!!!!!!!!!!!!!

Acho que explodi ali! Lembro do meu coração na mão! Não conseguia acreditar. Naquele momento tive a certeza que mesmo quando ta dando tudo errado, no final tudo da certo. No fim das contas paguei 16 euros na reserva até Madri e relaxei tirando um dos pesos que estava assombrando meu pensamento.

O outro peso era a volta da Carol, que eu não tinha a menor idéia de como estava indo. Não saber se ela tinha conseguido ou não me deixava muito agoniado.

Peguei Paris->Irun sem problemas, e em Irun os policiais implicaram com minha cara e quase me deixaram pelado com o passaporte na mão pra se certificarem que eu não trazia drogas nem estava ilegal na Europa.

Entrei então na cabine do trem de Irun pra Medina Del Campo, onde fiquei conhecendo dois portugas muito simpáticos! Adorei conversar com eles... em português! Tinha acordado sem entender nada de alemão, almoçado sem entender quase nada de francês, passado a tarde entendendo um pouco de espanhol, e agora ia dormir falando minha querida língua materna!

De Irun a Medina Del Campo comprei cadeira em vez de cama (diferença de 20 euros), mas como só éramos 3 na cabine de 8 lugares, e os dois portugueses estavam ocupando os 4 lugares da frente, fiquei sozinho com os 4 lugares do outro lado, onde me estiquei (quase) e apaguei até Medina.

Descemos em Medina Del Campo eu e uma senhora Marroquina somente. E na estação só tinha um guarda, e mais ninguém. Então no meio da madruga, passei uma hora ali na estação fantasma de Medina Del Campo (não tinha nem grilo pra fazer barulhinho de fundo).

De lá até Madrid não tive problemas, nem de Madrid até os EUA (onde peguei uma hora de imigração). Passei a tarde no aeroporto de Miami e a noite, perto da hora de embarque, ofereceram $800 dólares, comida e estadia até o dia seguinte para quatro passageiros do meu vôo que aceitassem pegar o vôo somente no dia seguinte, meio dia, porque estavam precisando de vagas para esse (over booking).

Aceitamos eu e mais dois garotos, mas no final das contas não precisou que ninguém ficasse. Pena, entre 3 meses de viagem e 3 meses de viagem +1 dia + $800, ficava com o último fácil...

quarta-feira, 5 de março de 2008

VOLTANDO A PÁTRIA AMADA – Parte 1

Nossa volta começa na verdade no dia 05/03. Saímos de manhã cedo (pra uma factory tour) sabendo que não tínhamos reserva para o albergue, porque apesar de querermos ficar mais um dia, ele não tinha vagas, estava cheio. Nem a Gabriela (atendente já amiga nossa, alemã) ou a Euza (atendente baiana arretada que falava o único alemão com sotaque nordestino do mundo) conseguiram no ajudar. Mas passamos o dia pensando que, provavelmente quando voltássemos a noite, ia ter alguma vaga, alguém ia ter desistido. E se isso não ocorresse iríamos para o albergue mais próximo dali que tivesse vagas.

Só que quando chegamos a noite, não só não tinha vagas no albergue, como também não tinha em nenhum albergue num raio de 20km! Passamos horas na internet e tentando ligar, inclusive com ajuda (muita) da Gabriela, e nada!

E quando já estou com um plano pronto para dormirmos em algum canto da estação central, a Gabriela vem nos dizer que falou com a chefe dela, e que ela nos autorizou a usar a dispensa para dormir! Ótimo! Pegamos então um colchãozinho que eles tinham, com cobertas, travesseiros e até edredom, e lutamos por um espaçozinho entre a geladeira, o armário, a vassoura com pó no canto e as caixas na direita. (Fotos depois na máquina da Carol)

E foi ali que dormi minha última noite em um albergue na Europa! Pelo menos não cobraram nada. Inclusive, nem foi tão ruim assim, tanto que se soubesse que não iam cobrara nada tinha pedido pra dormir lá os outros dias.

Começamos então a pensar em como fazer para chegar até as cidades de onde saíam nosso vôos: meu de Madrid e o da Carol de Lisboa. O problema é que estávamos na Alemanha, e trem para Madri ou Lisboa levaria um dia ou mais.

Acabamos por resolver assim: compramos um vôo Ryanair (low cost) de Frankfurt até Porto (Portugal) e de lá seguiríamos de trem até Lisboa. Chegaríamos em Lisboa ainda de manhã, passávamos o dia conhecendo Lisboa, e a noite eu pegava um trem pra Madrid, enquanto a Carol dormia por lá mesmo.

O vôo saía às 8hs de Frankfurt, então ficamos no nosso albergue em Stuttgart até 2:30 da manhã, quando saímos a pé (o metrô estava em greve! é, na Europa também tem isso) até a estação de trem. Chegamos às 3 em ponto, e o trem saía para Frankfurt Pás 3:05. Só que todos os portões da estação estavam fechados (descobrimos que ficavam fechados de 1am às 4am todos os dias), menos um que ficava bem longe, e que não sabíamos onde era. Começamos a correr de um lado pro outro procurando portões abertos já que a rua estava vazia e não tinha ninguém pra gente perguntar. Quando encontramos a entrada corremos pro trem e devemos ter embarcado às 3:06, enquanto o trem saiu às 3:09 (atrasado graças a Deus). Ufa!

Chegamos no aeroporto de Frankfurt um pouco depois das 5:00 e foi ali que descobrimos que nosso vôo era às 6:30 e não às 8:00, como pensávamos. Bom, pelo menos tínhamos chegado cedo e ainda dava tempo. Começamos a procurar pelo check in da Ryanair e em torno de 5:30 descobrimos que, puta que o pariu, estávamos no aeroporto errado! Ryanair só saía do outro aeroporto de Stuttgart, que ficava a pelo menos 50 minutos de taxi (isso quando perguntei o mais rápido que o cara conseguia chegar lá se pagássemos mais que o normal).

Fomos então tentar a opção mais barata pro momento: trem. Descobrimos um trem que chegava em Madrid às 7:45, horário ótimo para meu vôo que saía meio dia. Vimos também o trem mais rápido pra Lisboa, mas que só conseguia chegar lá na hora do almoço, enquanto o avião da Carol saía às 8 da manhã.

Começamos a perguntar preços de vôos para Lisboa ou perto e encontramos por volta de 800 euros! Era mais que o preço de uma passagem de volta para o Brasil. Tentamos várias alternativas (tinha o problema que ela completava 3 meses de estadia nesse dia, então não podia adiar a ida embora nem por um dia se não a imigração criava problema) e às 8:20 segui pro meu trem agoniado por ter que deixá-la assim, sem solução, morrendo de vontade de fazer o irracional e ficar com ela até encontrar uma solução.

domingo, 2 de março de 2008

Factory Tour

Decidimos fazer algo diferente nos nosso últimos dias na Europa. Há quase três meses estávamos viajando para conhecer lugares e pessoas, curtir, aproveitar. Mas dentro de uma semana estaríamos de volta à realidade, de volta à rotina da faculdade. Resolvemos então nos preparar para este último ano: somos (futuros) engenheiros e estávamos do lado de um dos pólos tecnológicos do mundo: a Alemanha. Nasceu então a idéia de visitar as fábricas de automóveis de lá: Volkswagen, Audi, Porsche, BMW, Mercedes Benz...

Depois de pesquisar um pouco encontramos a Porsche e a Mercedes em Stuttgart e decidimos que esta seria nossa primeira parada. Só que gostamos tanto do albergue e da facilidade de viajar de trem pela Alemanha, além da localização central de Stuttgart com relação às outras fábricas, que acabamos ficando por lá até nosso último dia. Passamos o domingo pegando telefones das fábricas e segunda de manhã começamos a ligar tentando reservar visitas. O problema é que todas as factory tours, como eram chamados os programas de visitas nas fábricas, pediam de semanas a meses de antecedência para reservar. Não desistimos e, depois de acabar com meu crédito do skype, tínhamos conseguido!

Terça dia 04
Manhã: Audi em Ingolstadt
Tarde: BMW em Munich

Quarta dia 05
Manhã: Porsche em Stuttgart
Tarde: Mercedes Benz Motors em Stuttgart

Quinta dia 06:
Tarde: Mercedes Benz Cars em Böblingen

O incrível é que quando conseguíamos alguma reserva só nos dávamos uma opção, e ela nunca batia com os horários de visita que já tínhamos marcado! Parecia que as empresas tinham conversado entre si e tinham se resolvido para conseguirmos fazer tudo! Incrível...

VISITAS

A Audi, nossa primeira visita foi um choque! Os robôs de dentro da fábrica se movimentavam numa velocidade impressionante! E apesar de grandes tinham uma agilidade incrível, com mil graus e ângulos de movimento cada um, sendo milhares de tipos de robôs! A primeira cena que me marcou foi na prensadeira: um braço mecânico pegava as chapas, utilizando pressão negativa (tipo desentupidor de pia) e as colocava em uma prensa que, depois de amassar, deixava as chapas já no formato perfeito do capô, das laterais, ou de qualquer outra parte que fosse necessária.

Muito incrível também era a limpeza do local: impecável! Pra quem imaginava aquelas fábricas sujas, acreditem, o chão era branco Omo Multi-ação e os que trabalhavam ali usavam roupas claras, macacões completamente limpos. Alguns usavam inclusive luvas para não sujar os vidros dos carros.

A Audi e a Mercedes são as que mais utilizam automação, tendo a BMW em seguida e a Porsche como a que mais utiliza mão-de-obra humana. Uma parte muito massa, que vimos na fábrica da Porsche, eram os materiais de revestimento dos bancos e das laterais dos carros sendo costurados a mão! Passamos por uma área que parecia um escritório, onde várias costureiras trabalhavam em rolos de diferentes tipos de couros. Outra lembrança marcante foi um robô que pegava o painel frontal (“dash board”, ou algo do tipo) e se virava em mil ângulos malucos, se mexendo as vezes rápido e as vezes devagar, quase raspando na lataria do carro, pra colocar o painel dentro do carro e ali mesmo já parafusá-lo.

Um ponto muito interessante é a forma que os trabalhadores são tratados, em todas as fábricas que visitamos. Para não ficarem entediados e terem mais motivação para trabalhar, eles trocam de posição na linha de montagem em alguns casos até 3 vezes em um só dia. E se o trabalho for estressante, como por exemplo checar se uma parte do motor está sem falhas, passam só 30 minutos ali e já são substituídos!

Cada fábrica possui um centro de treinamento onde todos trabalhadores passam de 2 a 3 anos estudando antes de poderem trabalhar no chão de fábrica! Na fábrica da Porsche, os que seguem para área de montagem dos motores estudam especificamente um motor e, no final dos estudos, cada um consegue montá-lo sozinho. E é isso que acontece: lá cada motor é INTEIRAMENTE montado por somente um trabalhador, e ele faz isso em duas horas! Cada trabalhador monta por dia de 3 a 4 motores da Porsche! Depois de 2 anos no mesmo motor podem escolher mudar, e o sonho de todos é montar o novo tipo Turbo.

O processo de pintura é demais e igual em todas as marcas. Quando a lataria (“Passenger Cage”) está pronta, é então enviada para a área de pintura onde recebe 5 camadas para ficar com a cor final. As duas primeiras camadas são aplicadas rodando a lataria dentro de uma grande piscina com uma tinta especial. E as seguintes são aplicadas por sprays, enquanto o carro recebe uma carga elétrica para garantir a mesma quantidade de tinta em todos os pontos do carro.

As pinturas são então finalmente checadas visualmente por olhos humanos e também por lasers e aparelhos especiais de computadores. Aliais, testes são feitos em todos os processos: cada carro passa por um teste de vazamento de água, por um teste de pneus, a cada 10 carros 1 sai pra ser testado em pistas de testes, todos carros andam 5 a 8 km para teste, todos os freios são testados, 4 carros por dia saem da linha de montagem para que especialistas chequem a questão da qualidade e se algum robô precisa de manutenção ou substituição, enfim, são equipes e equipes trabalhando somente para testes de qualidade. E o incrível é a precisão com que os robôs trabalham: 0,1 mm! Em algumas fábricas os robôs são posicionados de forma que vários tipos de carros possam ser produzidos na mesma linha. Se o Audi A4 é o próximo, então o robô A é acionado, e se o próximo é o Audi A5, então o robô A vira 180º e ali está o robô B pra trabalhar no Audi A5. As marcas têm tantos opcionais (escolhidos pelos compradores) e tantas variações entre cada país do comprador (volante do lado esquerdo ou do lado direito, por exemplo) que as chances de produzirem um carro exatamente igual ao anterior são mínimas. Na Audi, por exemplo, ano passado isso só ocorreu uma vez! Os robôs têm que estar então preparados para todos os casos. Para isso, cada carro vem com uma ‘caixa preta’ que informa por blue tooth o que o robô deve fazer nele. Os carros são então fabricados somente quando um pedido é feito, ou seja, você pede sua BMW e aí eles adicionam seu pedido na lista e, talvez uns 2 meses depois, sua BMW vai pra linha de montagem pra depois ser entregue na sua casa.

Nem todas as peças dos carros são feitas na mesma fábrica. No caso da Mercedes, por exemplo, visitamos primeiro uma fábrica só de motores e depois uma só de carros. O processo ocorre simultaneamente e Just-In-Time, ou seja, o motor do carro X chega EXATAMENTE na hora que o carro X está pronto para recebê-lo e encaixá-lo, com o chassi, em sua lataria.

Como passamos em muitas fábricas em pouco tempo, perdi a associação de qual fábrica passou qual número, mas sei que elas produzem de 900 (Porsche) a perto de 2500 carros por dia.

Muita pena que fotos e filmes eram proibidos, pois descreveriam bem melhor e com muito mais detalhes o que é conhecer esse processo de automação da linha de montagem dessas fábricas, um programa que indico para todos, principalmente para os engenheiros e os amantes de carros. A fábrica da Audi foi a que deu o melhor ‘factory tour’, seguida pela Mercedes Benz, Porsche e BMW, nessa ordem.

As fotos que poderia postar são as dos museus, que por si só já valem qualquer visita (explicam desde como surgiram os primeiros carros até o funcionamento das mais novas tecnologias), só que não estão comigo ainda, mas na maquina da Carol.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Paris – 26/02 à 02/03

Sacre Coeur: O segundo ponto mais alto de Paris, perdendo apenas para Torre Eiffel, é a cápsula da Igreja Sagrado Coração.


Rua dos Pintores: Do lado da Sacre Coeur, 50 euros por um retrato desenhado. Fomos em um restaurante e o velho não quis servir só uma batata frita, se éramos dois tínhamos que pedir ‘duas’ coisas. Isso explica porque estava vazio... Não aceitamos e caímos fora.


Notre Dame: A Catedral de Notre-Dame de Paris é uma das mais antigas catedrais francesas


Museu do Louvre: Eu já tinha ido, e a Carol também, então ficamos nas fotos só de fora (provavelmente de dentro seria um monte de “No pictures, Sr!”).


Arco do Triunfo: Fomos andando do Louvre até o arco, caminhando pelo Champs Elysee.


La Défence: Área moderna de Paris, um pouco longe da cidade. Seu marco, o Grand Arc, fica numa linha reta a partir do Arco do Triunfo.


Château de Versailles: É um castelo real localizado na cidade de Versalhes, uma aldeia rural à época de sua construção, mas actualmente um subúrbio de Paris. Desde 1682, quando Luís XIV se mudou de Paris, até que a família Real foi forçada a voltar à capital em 1789, a Corte de Versalhes foi o centro do poder do Antigo Regime na França. Graças a Deus o dia estava lindo e pudemos aproveitar muito mais o jardim do castelo que o castelo em si. No caminho conhecemos um coreano chamado Kim, que viajava a trabalho pela Siemens e estava dando uma escapada pra conhecer Paris.


Torre Eiffel: Fotos de longe, de baixo e... não, de cima só conseguimos filmar, porque minha máquina não conseguia pegar luz lá de cima, e esquecemos a da Carol (justamente no dia que resolvemos subir).


CAUSOS DE PARIS

1. Do lado da Torre Eiffel tem um crepe delicioso onde gastamos uma grana, e ainda tivemos coragem de repetir outro dia. Ficamos conhecendo os dois atendentes que trabalhavam ali e descobrimos que um deles era de Portugal! Então conversamos em português com ele e em inglês com o outro atendente (também muito gente fina), enquanto eles conversavam entre si em francês, já que um não entendia inglês, o outro não entendia português e agente não entendia francês direito.

Crepe no lado da Torre Eiffel

2. Um dos dias a noite, quando olhávamos o mapa pra voltar pra casa, um cara que estava também olhando o mapa disse: “É só pegar o 4 que ele vai direto pra lá” em ‘brasileiro’ alto e claro. Fomos então conversando com ele até perto de casa, já que ele também ia na mesma direção. Mas a parte interessante foi quando ele nos contou sobre o trabalho dele. Acontece que todos os aviões têm que ter previamente definido onde vão as bagagens, ou seja, como distribuir o peso por ele. Dependendo das características do avião, da pista de decolagem e da de pouso, das condições climáticas do local de saída e do de chegada, de várias variáveis, tem que se definir se o avião vai voar com o bico mais para baixo (mantém o centro de gravidade na frente) ou mais pra frente (mantém o centro de gravidade atrás). Para cada vôo tudo isso deve ser definido, e a parte da Varig quem gerenciava era o cara! Show de bola...

3. Íamos embora dia 29 à noite, pegando um trem Over Night para Alemanha, mas mudamos de idéia e perguntamos pro Sílvio, por email, se podíamos ficar mais um dia. No dia 29 à noite, quando chegamos em casa, a vizinha, Delphine, nos disse que tinha falado com o Sílvio e que ia ficar complicado dormimos lá porque a sogra dele ia dormir lá aquele dia. Só que ela também tinha falado com a sogra, que tinha dito que não tinha problema agente dormir no sofá (enquanto a ela e o marido dormiam na cama). No fim das contas a sogra desistiu de vir (não sei se por nossa causa ou não) e dormimos na cama mesmo! Aí tentamos comprar o Over Night pro dia seguinte a noite (01/03), mas tava lotado. Acabamos comprando um pro dia seguinte (02/03) de manhã bem cedinho (o trem saía as 7 e pouco). Então no dia seguinte pulei da cama assustado. Tinha algo errado... Olhei no relógio: 8:30! Perdemos o trem. No fim das contas conseguimos pegar o trem das 11hs que ia pra Suttgart (e que estava também lotado, mas o cara do trem deixou agente entrar, graças a Deus). Ufa! Que dificuldade pra sair de Paris... No entanto, no final das contas, foi até bom perder o trem, porque ficamos conhecendo um físico que era a cara (e o cabelo) do Einstein! E passamos então a viagem conversando sobre física e engenharia com ele (Michel alguma coisa)!

Paris, mais um dia morto

Chegamos em Paris! A cidade luz, a cidade da Torre Eiffel, do romance, dos dias lindos... Saímos do trem e... uma chuva cabulosa caía de um céu completamente nublado. Já decidindo comprar o ticket do metrô, um cara (que se daria muito bem no Rio de Janeiro) nos “ajuda” a comprar um ticket de 2 euros por 15. Isso é que é chegada triunfal eim.
A tia da Carol conhecia um cara que a Carol acabou que ficou conhecendo quando veio aqui mês passado. Esse cara, chamado Sílvio, tinha viajado no dia anterior, deixando a casa para nós! Horrível, não? Chegamos na casa do Sílvio e, depois de nos acomodar, saímos para fazer compras. Supermercado é o que há, e a Carol ainda ficou conhecendo um chamado Leader Price, que comandava nos preços em Paris. Com 23 euros compramos pão, presunto, queijo, margarina (sem leite), suco, iogurte, macarrão, molho de tomate, sardinha, atum, cereais , sucrilhos... Fizemos a festa ali.
Voltamos pra casa e já fomos pra cozinha, onde a Carol fez uma salada deliciosa e me ajudou a preparar um risoto também delicioso.


Com umas velinhas e uns talheres chiques, tivemos nosso primeiro jantar a luz de velas... em Paris! (com música de fundo)


Tempo feio e chovendo é sempre bom ficar em casa, mesmo que você esteja em Paris. Aproveitamos então a internet e fomos dormir cedo, rezando pra que amanhã o dia esteja melhor.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Florença!

Nos esbaldamos no café da manhã do hotel (de onde inclusive pegamos mantimentos para o dia) e saímos para um céu azul que, se não fosse o vento, podia ter nos deixado até com calor!


Estamos então descendo as super escadas da igreja quando conhecemos um italiano bem comédia. Quando dissemos então eu éramos do Brasil ele nos mostrou a camisa que ele estava usando, que rendeu, óbvio, uma foto.


Nós dois morrendo de fome, e a Carol com vontade de tomar sorvete, entramos numa sorveteria (“Festival Del Gelato”). Perguntei então pro cara, sem muitas esperanças, se ele tinha sorvete sem leite, e...

Gelato na Itália!

Estava tendo muitos Deja Vus pelas andanças, e comecei a achar que já tinha passado por ali. Foi então que passamos por baixo do caminho que o Rei tinha construído para não precisar andar perto do povão! Como eu sabia disso? Ou era adivinho e não sabia, ou é porque já estive em Florença antes!

Já vi isso em algum lugar...

Em seguida encontramos o caminho rodeado de estátuas de pensadores famosos, que eu também já conhecia.

Ponte com caminho do Rei em cima

Chegando na ponte da foto acima, a Carol gostou da vista de debaixo de um dos arcos. Passamos ali então uns 20 minutos fazendo um book dela, um meu e depois um nosso (coitado do ‘fotógrafo’ italiano).

Foto de book


De noite, depois de uma jantinha no nosso querido Mc Donald’s, pegamos mais um trem Over Night, agora em direção à cidade luz: Paris!