segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

China-bus e Boston

Eram quase duas da madruga quando o china-bus partiu da estação de Washington. Acho que ele não tinha nem ligado o motor quando apaguei o meu. A viagem foi ótima. Tão ótima que só acordei quando já estávamos em New York. Chegamos em torno de cinco da madruga. O dia ainda não tinha nascido, estava tudo escuro, e a área onde o ônibus parou estava completamente vazia (chinatown, quase debaixo da Manhattan Bridge). Desci do ônibus e senti o gelo que estava ali fora. E o pior é que estava ventando muito. Um casacão e uma roupa quente resolvem o frio, mas se está ventando parece que não adianta nada! Fiz o que pude: me enrolei o máximo e fui me escondendo atrás de paredes pra evitar a ventania. Quando cheguei na área onde ia pegar o outro china-bus pra Boston devia ser em torno de 5:30, e o primeiro ônibus do dia só saia 6:30! Encontrei um nigeriano na mesma situação que eu e ficamos conversando até os chineses chegarem e abrirem uma área pra esperar o ônibus (área improvisada: saguão minúsculo de entrada do prédio de onde eles tinham uma lojinha com uma frestinha pequena virada pra rua pra vender tickets). Não era um quarto com aquecedor, mas pelo menos já nos escondia do vento. Meu ticket era pro ônibus das 7hs, mas consegui mudar, e então as 6:30 embarquei na viagem mais fria da minha vida. O aquecedor do ônibus não estava funcionando (ou estava funcionando beeeem mais ou menos, que foi o que o motorista chinês tentou dizer no chinglês dele) e fomos de New York até Boston com todo mundo congelando. Eu estava na segunda fileira e perdi as contas de quantas pessoas vieram de trás pra reclamar com o chinês. Teve uma mulher que veio xingar o cara umas 4 vezes pelo menos. Se meu pé já estava frio de antes, agora estava congelando! Tirei uma bota (que não estava adiantando de nada) e sentei em cima do pé pra esquentar. Aí depois quando fui colocar o pé de volta na bota ela tinha esfriado muito e tava mais fria que deixar o pé de fora. Acho que consegui dormir uns 30 minutos no final das contas, quando o cansaço deve ter vencido o frio.

Nascer do sol a caminho de Boston

Chegando em Boston... neve!

Lanchinho direto de D.C. pra não gastar grana

Dei graças a Deus quando chegamos em Boston e pude correr pra dentro da estação (South Station) pra me esquentar. Tinha combinado com a Justine (irmã de uma amiga da minha mãe e meu contato em Boston) de chegar e ligar pra ela pra combinar um lugar pra se encontrar. Estou eu então todo feliz de estar no quentinho, pronto pra esperar 1 hora por ela ali dentro – no quentinho –, e ela vai e me fala “Vamos combinar então lá fora na calçada”. Ouch! Mas beleza, o penetra sou eu, né? Então voltei pra fora e fiquei lá congelando esperando o “civic vermelho, duas portas, velhinho” que ela tinha mencionado (de tempo em tempo eu entrava, me aquecia um pouco, e saia de novo). Depois descobri que a temperatura ali fora, e durante toda a viagem maluca no china-bus de NY, estava em torno de -11ºC! Caracas, mas tava friiiiio. Acho que foi o mais frio que peguei desde que cheguei nos estates (ainda mais somando o vento). E então, depois de quase perder os dedos do pé congelados, vi o civic vermelho chegando e conheci mais uma maluca na viagem: Justine. Muito gente fina, super simpática e super empolgada! Adorei a empolgação dela, só fiquei com pena que eu estava muito cansado e sem muito pique pra acompanhá-la (tinha dormido 4 horas e meia no total). Ela me deixou na casa dela e voltou pro trabalho (falei que não precisava me buscar na estação, que eu ia de subway, mas ela disse que era uma ótima razão pra escapar do trabalho). Passei a tarde vendo informações de Boston e tudo que tinha pra fazer por lá, principalmente as duas razões deu estar chegando ali: Harvard e MIT! Antes de sair ela colocou o aquecedor (maravilha!) em 70º Fahrenheit. Assim que ela saiu eu aumentei pra 72, depois pra 74, depois pra 76, depois pra 78 e parei nos 80ºF.

Quentinho finalmente!

Justine’s House (e meu colchão no fundo)

A noite ela chegou do trabalho perguntando o que eu queria fazer. Estava bem quebrado, então decidi que ia ficar por ali mesmo e ver se dormia mais cedo hoje pra amanhã acordar cedo e aproveitar o dia. Não deu 5 minutos e uma amiga dela liga falando que tinha preparado um jantar pra ela e pro guest dela. Ela olhou pra mim e, óbvio, não neguei. Não podia negar. No final das contas adorei não te negado. A Ana, dona da casa, tinha feito um prato que eu não podia comer (tinha queijo), mas tinha também comprado um delicioso prato Tailandês: “Matai” (se lembro bem o nome), d-e-l-i-c-i-o-s-o! Comi o Matai todo sozinho, junto com um arroz que ela tinha feito grudadinho do jeito que eu gosto. E, claro, também foi ótimo porque fiquei conhecendo a Ana, brasileira que trabalha na parte de Patentes do MIT, e a Jessica (?), uma porto riquenha que está grávida de 2 meses (parabéns Jessica!). As duas são muito gente finas, e as três juntas só falavam besteira (que é o normal quando mulheres se juntam e esquecem que tem um homem por perto), e eu só ria. Reparem na foto as duas querendo não parecer que são muito mais baixas que eu.

Ana, eu e Jéssica

Voltei e no carro e apaguei enquanto conversava com a Justine. Mas apaguei legal, de sonhar. Chegando em casa só coloquei o pijama (que consiste em tirar a bota e o casaco, o que tiver por baixo é pijama) e desmaiei no colchão, com um edredom quentinho por cima.

6 comentários:

Unknown disse...

Chegando agora da festa de formatura da Pat, resolvi dar uma olhadinha pra ver se tinha alguma novidade. E mais uma vez me dei bem: nova postagem!!!
Rafa, é bem difícil daqui tentar imaginar o frio que vc passou nesse ônibus doido, mas acredito que deve ter sido de matar. Parece que esse ônibus ainda tá mais pra ônibus-fretado-pro-nordeste-que-leva-papagaio-piriquito-cachorro-e-etc... do que o da ida pra Washington. E nos States??????
Já tinha ouvido falar da Ana através da Carla. Que bom que deu tudo certo em Boston. Sei que ainda faltam 2 dias e muitas novidades sobre Harvard e MIT, mas parece que, apesar do frio, tudo começou bem.
Um beijãozão.
Te amo muito.

Unknown disse...

A hora que sai ali não tem nada a ver. Agora são 2:50, já do horário normal (mudamos hoje o relógio - agora vc está 4 horas na nossa frente)
Vou dormir que estou morta. A saudade é grande, mas estou tirando de letra pois sei que vc está super feliz.
Já deve estar amanhecendo por aí. Tenha um ótimo dia.
Te amo.

Anônimo disse...

Rafa,
Um beijo.
Flávia (sua irmã)

Anônimo disse...

Hahahaha! Só pra sacanear com o papai, meu coroa caduquinho preferido!!!
Que frio, hein rafa? Eu já passei muito frio lá com 0 graus, imagina vc em -11!!
To com saudadess! Beijos da sua mana que te ama. E manda um beijão pra Carol tb!!

Anônimo disse...

Eldio escreveu:
Rafa, eu sei o que e passar frio porque quando chegamos aqui em 1991 fomos fazer turismo em NY (-15 C)com a roupa que trouxemos do Brasil. Que desastre a Rosangela quase congelou os pes eu quase congelei a orelha e os meninos nem falar, coisa de brasileiro inexpriente.
Mandei o email para o Museu para reclamar da falta de informacao sobre Santos Dumont, depois te aviso quando receber a resposta.
Aproveite bem, falei com o Guilherme de sua viagem e agora ele quer fazer tambem a mesma coisa que voce esta fazendo, vamos ver o que vai acontecer.
Abracos,
Eldio

Anônimo disse...

Eldio,

Fala para o Guilherme incluir o Brasil.
Vamos procurar alguma coisa para mostrar para ele.

Abraços,

Marcos